03/03/2013

Fluido, orgânico e estúpido

Depois de seis doses de tequila, dizer que "te quiero", porque quero mesmo e espanhol nunca foi o seu forte pra entender todo o romantismo por trás da frase.
Dançar só de meias enquanto toca Orishas.
Mandar o vizinho ir se foder sem respeitar as condutas de educação.
E não saber o que pensa quando coça o queixo passando a mão na barba toda desigual. E querer perguntar, mas calar por saber que não é confortável invadir seus pensamentos a essa hora da noite.

Te dizer sem gaguejar para que "não tenha medo de sofrer, que todos os caminhos me levam até você", porque sua ignorância acha que fui eu e não imagina o quanto é fácil decorar Vinícius quando se permite.
Morder o lóbulo da sua orelha. E você nem sabe qual parte da orelha é o lóbulo. Só sabe dos pêlos da tua nuca reagindo à minha ousadia. E quando você se acostuma, eu ergo minha bandeira de posse por um instante, porque sei que você vai se arrepiar tudo de novo quando eu voltar.

Não me importar quando você puxa o meu cabelo pra me fazer tua.
Não me descontrolar quando escuto tua roupa estalando com a minha pressa.
Não rir do seu humor negro.
Esperar você se perder nas contas de quantas vértebras têm as minhas costas.
Comer da comida do seu prato.
Arrumar os lençóis pelo simples prazer de bagunçar tudo depois.
Demorar vinte e um minutos pra escolher um filme que não vamos assistir.
Querer mais uma dose enquanto quase choro com as tuas fotos de menino por constatar que você não mudou absolutamente nada...
Não ter mais motivos pra mentir.
Pra chorar. Pra fugir. Pra não deixar.
Esquentar meu pé gelado na tua perna.
Te ouvir falar de Drummond sem saber ao certo quem porra ele é.

Olhar o relógio e entender que já passou da hora do nosso existencialismo.
Criar coragem e enfim, novamente, sem medo e sem tempo pra acabar, falar que amo você, por saber que você só merece isso...
E amanhã de manhã, quando estivermos sóbrios, tudo não passará de um retrato borrado registrado de forma imperfeita, e eu vou continuar gostando desse jeito todo errado que eu aprendi a gostar de você...

A ponto de não querer mais saber como é não caber tão bem nesse cabide descabido que é ser feliz na tua cama.

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