07/01/2013

Beneath the curse of these lover's eyes

Em tese, seria muito fácil tomar uma decisão coerente de olhos fechados. Mas quem irá entender os sons que se formam e regem a serenidade da tua voz como expressão de fé?

Vai dizer que nunca foi sério a piada sobre os portugueses e suas masculinidades afetadas que me foi contada em segredo, mas que sobressaiu em meio a voz do padre dizendo "amém"?
Procuramos, cegos e incessantes, deus na grama do quintal entre uma risada e uma embriaguez. Deus chora e nos molha. Deus brilha mesmo morto, como todas as estrelas. E é você que me abre as portas do paraíso...
Nada sacramental rege a vontade de ter a fé que move o Sol de volta para o outro lado do planeta enquanto se prolonga a abertura lenta de cada botão da tua camisa.
As mãos que não se unem em oração, são as mesmas que entornam o copo num único gole. Cristo nos embebeda e silencia nosso pecado para ouvir o eco do teu corpo sobre o meu.

Talvez sejamos, apenas, dois pagãos perdidos em transe no inferno e céu de todo dia.
Enquanto teus olhos me absorvem e absolvem nossa heresia diluída e destilada, carregando esse fardo que é estar tão vivo e não acreditar nos hiatos da divindade.

No fim, são só teus olhos - deus em plenitude.

Um comentário:

  1. Gostei muito desse texto, Naná... Você escreve muito bem!! Sempre me faz sentir incomodada com tanto sentimento à flor da pele.

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